A TRIBUNA
Sexta-feira, 11 de junho de 2010
A-8
Baixada Santista
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TADEU FERREIRA JR.
DA REDAÇÃO
Condições de crédito cada vez mais atrativas e uma avalanche de propagandas. Some-se a isso a evolução tecnológica que despeja, ano a ano, gerações e mais gerações de aparelhos cada vez mais modernos. Uma tentação para o consumidor que, sem cerimônia, enche a casa de eletroeletrônicos. Porém, o que fazer com os aparelhos obsoletos que acabam de ser substituído? Esse foi o foco da discussão no Fórum Social Lixo Eletrônico: perigos e cuidados, realiza-
do no Colégio Objetivo Santos, no Boqueirão, na noite da última quarta-feira.
Participaram do evento a coordenadora do Centro de Reúso e Descarte do Lixo Eletrônico da Universidade de São Paulo (USP), Neuci Bicov, o autor do livro Cidades Digitais, Evandro Prestes, e o editor do caderno Ciência de A Tribuna, Marcus Fernandes. A mediação foi do secretário de Meio Ambiente de Santos, Fábio Alexandre Nunes, o Professor Fabião.
Neuci abriu sua palestra lamentando o reengavetamento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Havia a expectativa de que o projeto, que começou a ser discutido no Congresso Nacional há 19 anos, fosse votado na última quarta-feira no Senado. Não foi. “Ainda retiraram do texto a proibição de se instalar aterros sanitários em Área de Preservação Permanente. Lamentável”, afirmou.
LOGÍSTICA REVERSA
A PNRS garantiria a implantação da chamada logística reverna no País, ou seja, tornaria os fabricantes dos eletroeletrônicos responsáveis pela reciclagem e destinação final de seus produtos quando do descarte por parte de consumidor.
Legislação com teor semelhante foi criada em São Paulo em 2009 por iniciativa do deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) em 6 de julho último. Às vésperas de completar um ano de vida, a Lei Estadual nº 13.576 instituiu a obrigação de reciclagem de componentes e periféricos de computadores, monitores e televisores, pilhas, baterias e produtos magnetizados. Tal responsabilidade foi imputada aos fabricantes, comerciantes ou importadores dosprodutos. Porém, por falta de vontade política, a legislação não foi regulamentada e tampouco há fiscalização.
Por intermédio de seu trabalho na USP, a pesquisadora Neuci tentou recentemente descartar televisores. Para isso, contatou as fabricantes. “Para minha surpresa, das quatro, só duas se negaram e disseram que só fariam isso se fossem obrigadas por lei”, destacou. Coincidentemente, as negativas partiram de duas multinacionais sul-coreanas.
Um dos principais perigos para o Brasil são as pilhas chinesas, importadas em larga escala. Ao contrário das nacionais, controladas por rígidas normas ambientais, elas possuem concentração muito maior de mercúrio. Felizmente, a reciclagem de pilhas é feita por algumas empresas até de forma voluntária, ao contrário de produtos degrande porte como geladeiras e televisores, por exemplo.
INVENTÁRIO
Tudo o que se descarta de lixo eletrônico no Brasil será mapeado. Uma espécie de censo identificará ao certo o quanto descartamos. O acordo foi assinado no início desta semana pela ministra do Meio Ambiente Isabella Teixeira com o apoio do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).
Reciclagem exige cuidado especial
Parece simples, mas a reciclagem de um eletroeletrônico exige um cuidado especial e bastante minucioso, sob pena de causar verdadeiras e catastróficos acidentes ambientais. Nele se encontram materiais corriqueiros e de fácil reaproveitamento, como o plástico e o vidro que, porém, demoram séculos para se decompor naturalmente.
Pior que isso: pouca gente sabe, mas entre os inúmeros itens que compõem uma simples placa eletrônica há até metais nobres como prata e ouro, ainda que em minúsculas partículas. O problema, na realidade, são os resíduos tóxicos, sobretudo de metais pesados como o chumbo, cádmio, mercúrio e berílio. Estes, se abandonados no solo, podem causar contaminação do lençol freático. Se incinerados de forma artesanal, provocam fumaça tóxica. O resultado pode ser devastador: doenças como o câncer ou degeneração do sistema nervoso. Ou seja, a saída é reciclar e reutilizar de maneira apropriada.
O problema é que é raro encontrar quem possua tecnologia apropriada para executar tal tarefa. Países pobres como Gana, na África, recorrem à importação de lixo eletrônico de nações desenvolvidas como forma de obter renda. O problema é que, sem as mínimas condições, queimam ou entulham os detritos, oferecendo um sério risco à saúde da população local.
EM SANTOS
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Santos, está em fase final um estudo paraformalizar parcerias com dois institutos especializados na destinação final do lixo eletrônico. Grande parte dos componentes seria reaproveitada. O restante, encaminhado para outros grupos especializados. O recolhimento seria disponibilizados em ecopontos espalhados pela Cidade. No momento, porém, não há política de recolhimento desses materiais, assim como em todas os outros municípios da região.
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Ótima matéria de A Tribuna.
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Até breve!