Para quem não leu, ou quer ler novamente, segue a íntegra da matéria publicada na edição de ontem do caderno Baixada Santista do jornal A Tribuna:
Oito barcos levaram os participantes do Canoaço pelo manguezal cubatense
Grupo recolhe lixo do manguezal
A-9
Baixada Santista
A TRIBUNA Segunda-feira, 14 setembro de 2009.
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THAÍS LYRA
DA REDAÇÃO
Uma bolsa marrom em courino, um sofá e até mesmo uma grade de berço. Pode até parecer, mas os objetos listados não fazem parte de nenhum saldão. Eles foram retirados ontem de manguezais e dos entornos dos rios Cubatão, Cascalho e Casqueiro, em Cubatão, durante a implementação da primeira fase do Voluntários do Rio, projeto do Conselho Comunitário Consultivo (CCC), da Carbocloro, e da Prefeitura.
Junto com esses itens, os voluntários também recolheram quase 20 sacos de 100 litros de entulhos em pouco mais de duas horas de trabalho. O material será agora descartado em local apropriado ou,se possível, reciclado. Na manhã de ontem, dezenas de pessoas assistiram, muitas vezes incrédulas, às cenas dos voluntários pegando lixo nos entornos dos rios.
Quatro barcos acompanharam o trabalho dos voluntários, que se esforçavam para tentar deixar o mangue livre de detritos. Aos 16 anos, o estudante Victor Rosa lamentava o cenário que encontrou. “As pessoas não se preocupam em separar, em jogar corretamente o lixo. Estou no projeto há duas semanas e fiquei espantado com as coisas que achei”. Entre elas, Victor fala de fraldas, sacolas plásticas e muitas, muitas garrafas PET. “As pessoas colocam o óleo e jogam, sem a menor preocupação”.
Vice-prefeito de Cubatão e membro do CCC, Arlindo Fagundes Filho fala que as pessoas ainda não perceberam que sujam a água que servirá para elas. “E não só a população de Cubatão, mas o lixo de muitos bairros de Santos e São Vicente refletem nos rios da cidade, o que é uma pena”.
PREVENÇÃO
Teodoro Pavão, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Carbocloro e membro do CCC, destaca a necessidade de se desenvolverem ações ambientais preventivas. “O lixo é um problema de todos nós, e a esperança é que, principalmente, os moradores próximos aos rios tenham essa consciência. Afinal, o rio é o quintal de casa de muita gente e é preciso perceber que o lixo que flutua vai trazer consequências ruins”. E para aqueles que moram longe das encostas, Pavão acredita que é preciso mostrar o que uma garrafa de plástico jogada na rua é capaz de provocar. “Ela ficaráanosnomeioambiente”.
Outro voluntário, Klinger Branco espera conseguir acabar com a sujeira dos manguezais. “É muito triste recolher sofás, pneus, garrafas”. Daniel Ravanelli Losada, proprietário da Náutica da Ilha e um dos voluntários, conta que a ideia é fazer desse trabalho algo permanente. “Se conseguirmos um patrocínio poderemos fazer esse trabalho de forma ativa”.
Além de recolher o lixo, voluntários aproveitaram para fazero plantio de 150 mudas de mangue-vermelha, uma planta base do florestio do mangue. As sementes foram colhidas no próprio local e germinadas no Centro de Referência em Meio Ambiente (Cepema) da USP. “Vamos fazer a medição das mudas para que elas ajudem a melhorar a situação dos manguezais”, conta Wellington Pinheiro dos Santos Silva, que faz parte do projetoVoluntários do Rio.
O projeto Voluntários do Rio não ficará apenas no recolhimento do lixo. Na próxima etapa, alunos de cinco escolas do Ensino Fundamental de Cubatão, localizadas no entorno dos rios e dos mangues, participarão de iniciativas de prevenção. Teodoro Pavão, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Carbocloro e membro do Conselho Consultivo, acredita que o envolvimento dos estudantes é essencial para que o projeto tenha mais resultados. “Vamos atingir 800 crianças de forma direta e3.600 pessoas de forma indireta, por meio da multiplicação de informações”. Para que isso aconteça, Pavão explica que será montada a peça de teatro Quase no Quinta de Casa, que abordará a importância do papel de cada indivíduo na preservação e manutenção dos rios e mangues. Também haverá uma oficina de reciclagem para que os alunos aprendam a transformar garrafas pet em objetos de uso diário, como brinquedos e enfeites. “Vamos promover também um concurso familiar, de desenho ou redação, que premiará pais e alunos”.